Proposta aberta para uma greve global de ciclistas e motociclistas em 1º de maio de 2022
Atenas, Grécia
Pavimentando o caminho para a Primeira Greve Internacional de Ciclistas e Motociclistas.
…e se não houver estrada, nossa luta comum abrirá o caminho…
Cento e trinta e seis anos se passaram desde Chicago em 1886 e a demanda por um emprego estável, com condições de trabalho dignas e um salário que atenda às nossas reais necessidades está retornando de forma torturante. O grande Capital e os governos que o servem visam trazer a classe trabalhadora mundial de volta ao século 19. Falando do Estado grego, a regressão ilimitada se reflete em todas as áreas do trabalho e da vida cotidiana:
- A Grécia é um dos poucos Estados-membro da UE em que o poder de compra do salário médio líquido diminuiu em 2020. Ao mesmo tempo, é o único Estado-membro em que o salário médio líquido é inferior ao de 2010.
- Muitos de nós trabalhamos em um horário de 7 dias sem folga e horas extras não remuneradas.
- A inflação e os ataques fiscais estão pressionando ainda mais a classe trabalhadora.
- Os acidentes de trabalho fatais estão a aumentar, com 33 mortos em 2021.
- As leis profundamente antitrabalhistas do atual governo neoliberal visam proibir greves, atacar os meios de autoproteção dos trabalhadores e fichar membros dos sindicatos para enfraquecê-los. Também legaliza horas extras não remuneradas, dissolve o Departamento de Inspeção do Trabalho, faz vista grossa às demissões de sindicalistas e aboliu o domingo como dia de folga.
Um convite de Atenas para o mundo
Colegas, irmãos e irmãs, a linha de produção invisível da fábrica de distribuição global que nos une a todos está em constante expansão. E estamos todos acorrentados em suas engrenagens, milhões de funcionários, que falam todas as línguas do mundo e carregam inúmeros produtos para milhares de empregadores.
Lidamos com as mesmas dificuldades, ansiedades e necessidades. Somos as formigas desta gigantesca fábrica. Trabalhando para o gigante e ao mesmo tempo cavando sua cova. Nossas lutas brotam globalmente como fontes de água límpida e nossa demanda comum é clara: NÃO VAMOS VIVER COMO ESCRAVOS. E é por isso que pretendemos uma paralisação mundial no domingo, 1º de maio de 2022.
Queremos que a linha de produção invisível da fábrica de distribuição global que nos une a todos pare ao mesmo tempo em todas as pequenas e grandes cidades do mundo.
No domingo, 1º de maio de 2022, nosso objetivo é uma marcha global nas ruas em que andamos diariamente, nas ruas de nossa luta cotidiana. Nossas ações em todo o mundo podem ser coordenadas, pois o terreno comum já foi cultivado. E como a exploração não conhece fronteiras, nós, as formigas deste mundo, temos objetivos comuns e nada que se coloque interponha entre nós ou nos divida.
A resistência constante, paralela e coordenada aos governos que servem os interesses dos poderosos, das pequenas, médias e grandes empresas, mas também das gigantes multinacionais de toda a Europa e de todo o mundo, é uma luta de vital importância para os nossos direitos laborais e a nossa vida quotidiana.
Irmãos e irmãs, trabalhar para plataformas não é diferente da ocupação “tradicional” em correios, fast food, restaurantes ou qualquer outro negócio. É falsamente apresentado como “alternativa” porque atende aos interesses de grandes corporações e multinacionais. É um truque barato, mas muito divulgado, para que os empregadores possam transferir todos os custos trabalhistas para os funcionários, maximizando os lucros e minimizando as despesas.
Irmãos e irmãs, não somos dispensáveis. Devemos pôr um breque aos “acidentes” de trabalho. O trabalho assalariado assemelha-se a trincheiras de guerra quando a intensificação é combinada com falta de higiene e segurança, jornada exaustiva, contra turno, trabalho sem pausas, não fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual, mesada e arbitrariedade patronal.
Trabalhadores ciclistas devem ser segurados como uma ocupação perigosa para todos os ciclistas e motociclistas profissionais, porque nossa profissão é difícil, perigosa e insalubre. Trabalhamos nas ruas, os acidentes de trabalho são extremamente frequentes, estamos expostos a todas as condições climáticas, defeitos e irregularidades no trajeto, bem como barulho permanente. Somos um grupo de alto risco para uma série de distúrbios musculoesqueléticos e outras doenças e lesões de trabalho.
Proposta de lista de demandas:
- Seguro de vida por função perigosa para todos os e as trabalhadores ciclistas e motociclistas.
- Contratos de trabalho devem ser ilimitados no tempo com direitos integrais, seguro e salário para trabalhadores de plataforma e não plataforma, incluindo ciclistas e motociclistas.
- Veículos da empresa com componente de carga para todos os ciclistas e motociclistas.
- Bags e mochilas de todos os tipos devem ser removidos das costas de todos os ciclistas e motociclistas.
- Celulares de trabalho e pacotes de dados de internet devem ser fornecidos para todos os motociclistas e motociclistas.
- As empresas tradicionais e plataformas devem fornecer todos os equipamentos de segurança individualmente para todos os trabalhadores, ciclistas e motociclistas, incluindo capacete, sapatos e roupas compatíveis com todas as condições climáticas.
Acreditamos que esta lista de demandas que propomos refere-se a problemas comuns, mas entende-se que cada trabalhador, coletivo de ciclistas e motos ou sindicato pode agregar suas próprias demandas dependendo das condições e problemas particulares de cada região.
Enquanto espera as assembleias para discutir, responder e participar, espalhe a palavra, espalhe o otimismo.
Convidamos você a editar nossa proposta e ideias para 1º de maio de 2022. Aguardamos suas sugestões e pensamentos em breve. Por favor, deixe-nos saber suas respostas em [email protected]
Lutamos pelo impossível hoje para evitar um amanhã impensável.
Dezembro de 2021
